sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Bonebreaker Parte I - Sara Reis - Opinião

Bonebreaker Parte I
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 624
Editor: Chiado Editora
ISBN: 9789895102099
"Com a intenção de curar o irmão de uma doença, para ela desconhecida, Raquel com cinco anos de idade cede à pressão de um completo estranho que se oferece para ajudar. Sem ter mais ninguém a quem recorrer, Raquel fica dependente desse sujeito que a acolheu e ajudou, mudando a sua vida radicalmente.
Obtendo uma nova identidade, treinos rigorosos e crescendo num ambiente de desconfiança, inveja e ganância, Raquel é obrigada a trabalhar para mafiosos que têm como principal atividade matar pessoas. Para ela não é nada de outro mundo visto que ela própria esconde um segredo: ela é um canibal.
Contudo, a sua única intenção é poder reencontrar-se com o seu irmão que partiu para ser hospitalizado. Raquel tem vários planos em mente para convencer toda a gente de que está do seu lado e obter informações acerca do irmão. Mas a situação complica-se quando esta se apercebe de que está a apaixonar-se pelo homem que deveria enganar e que este homem não é humano."
 
 
Opinião:
 
Bonebreaker, de Sara Reis, editado e publicado a Junho/2013 pela Chiado Editora, é a primeira parte da história que este jovem autora portuguesa criou.

Quando vi a capa deste livro a primeira vez fiquei imediatamente 'presa' nele. É bastante apelativa e intrigante. A imagem da rapariga, as garras, o lobo lá ao fundo. A combinação de cores... Adorei capa e contra capa.

A sinopse também me deixou com uma pulga atrás da orelha para saber e 'viver' todas as peripécias que Raquel ou Sara teria de passar durante a narrativa.

O tipo de papel também é do que mais gosto de encontrar num livro, papel reciclado de cor creme, assim como o tipo e tamanho de letra, também estão perfeitos.

E agora a minha opinião sobre a história...

Bonebreaker é o nome de código de uma agência de assassinos especializados que recebem as suas missões e devem executá-las sem falhas para não correrem o risco de sofrerem castigos que podem incorrer sob a forma de uma simples advertência verbal ou sentença de morte. Os assassinos contratados são criaturas das mais variadas raças: vampiros, canibais, lobisomens, anjos, demónios, etc etc etc...

Raquel transforma-se em Sara a partir do momento em que é recrutada das ruas para a agência Bonebreaker devido a um pacto que fez com um estranho, Hugo, que encontrara nas ruas quando tentava encontrar uma solução para salvar a vida do seu irmão.

Esta história é narrada na primeira pessoa, estamos a ler e estamos a 'viver' a vida de Sara. O livro está dividido em 7 partes e confesso que no início, nas duas primeiras partes, até perto da pág 100 este livro me fazia pensar na conhecida série de TV Nikita e na sua tão controversa Division. Infelizmente depois da pág 100 já não posso dizer o mesmo.
 


ATENÇÃO: A presente opinião não tem como finalidade ferir susceptibilidades nem ofender ninguém, tal como indicado é meramente um ponto de vista e vale o que vale.

 

No geral o enredo está muito confuso e mal estruturado. Infodump com fartura. As personagens são mais que as mães e a confusão instaura-se rapidamente sem que o leitor se consiga agarrar a uma ponta e tentar seguir-lhe o rasto até ao final da leitura. A própria narrativa é demasiado longa, não há pontes de ligação entre um acontecimento e o outro. Ausência de localização geográfica, um erro a meu ver gravíssimo que desorienta por completo o leitor.
 
O livro está dividido por acontecimentos: Destino; Missão; Superior; Decisão; Trabalho; Morte; Decisão. E não, não me enganei, tem 2 acontecimentos com o mesmo nome e o que está escrito numa parte repete-se na outra, tal e qual, virgula por virgula, ponto por ponto. (fiquei sem perceber porquê).
 
Com exceção do Hugo, todas as outras personagens são confusas e superficiais, em constante mutação. Algumas delas não têm sequer um propósito para existirem.  São incoerentes e inconsistentes.
 
As frases são demasiado pequenas, imensos pontos finais seguidos e isso quebra por completo a leitura. O mesmo acontece com as repetições dos nomes e pronomes.
 
Os conflitos e reviravoltas são praticamente nulas ou, quando existem, são muito fracas e de curta duração. Os clímax são outro ponto inexistente.
 
Felizmente, no meio deste apocalipse todo, a autora esteve bem em dois aspectos:
* Apostou nos diálogos, já que 90% da narrativa é composto por diálogos, a grande maioria credíveis e aceitáveis.
* E a personagem Hugo está impecável. Do inicio ao fim é sempre ele, não tem variações, é uma personagem forte e credível, impecável na sua apresentação, descrição, interação com as restantes e acima de tudo fiel a si mesmo.
 
Em suma, a ideia base, que até me parece interessante, foi muitíssimo mal aproveitada. Não existe um início, um meio e um fim. Está tudo ao molho e fé em Deus e não é isso que eu gosto de encontrar numa leitura. Eu gosto de captar a essência da história, de a ver com clareza. Mistério? Sim, sem dúvida. Confusão e trapalhada? Nem por isso. Esta primeira parte do/a Bonebreaker tem conteúdo que dava para uns três livros.
 
Penso claramente que a autora não teve ajuda no processo de construção da sua história, ninguém que a ajudasse a separar o trigo do joio.  Ainda assim, e não, não sou masoquista, vou continuar a ler a segunda parte deste Bonebreaker porque estou à espera de qualquer coisa... sei lá, um milagre?


Boas leituras,




 

Sem comentários:

Enviar um comentário