quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A melhor quinzena de um século de vida - Vero Lua de Melo - Opinião

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 366
Editor: Chiado Editora
ISBN: 9789895104079

''Em 2081, no seu leito de morte - e quando já se discute a aplicação da fórmula para a vida eterna -, Amália Duarte está decidida a abandonar um mundo que já não reconhece.Para partir em paz com a sua consciência, reúne os três netos e revela-lhes o segredo que escondeu ao longo da sua vida e que, de alguma forma, os implicava também a eles. Recuando ao atribulado início do século XXI, relembra o dia em que, impelida por uma rotina desencantada, pede demissão do emprego de sempre. Com a crise europeia a emoldurar um deprimente panorama, parte numa grande viagem com duas garantias - o desemprego e um futuro incerto - e uma certeza: a reinvenção urgente da sua própria vida.
"Fiquei com os olhos pregados no tecto e senti um vazio hediondo na alma, que ia sendo preenchido pela sensação de desgraça da minha própria vida."

Opinião:

Tenho me vindo aperceber, à medida que vou lendo livros adquiridos por mim ou então que chegam até mim através de parceria, que existe efectivamente uma diferença enorme de editora para editora. De vanitie para editora. De auto publicação para vanitie e por aí em diante.

ATENÇÃO: A presente opinião não tem como finalidade ferir susceptibilidades nem ofender ninguém. Tal como indicado, tudo o que for escrito neste blog, é meramente um ponto de vista.

'A melhor quinzena de um século de vida' é o primeiro livro de Vero Lua de Melo. É um livro que relata experiências vividas entre duas pessoas: Amália e Eurico. Dois portugueses com percursos de vida distintos mas que se em determinado ponto da sua vida se encontram e vêm o seu destino alterado para sempre.

O que mais gostei deste livro? Gostei do destaque que deu à cidade berço. Conheço minimamente a cidade e posso dizer que a autora foi fiel nas descrições e admito que se não conhecesse a cidade pessoalmente, ficaria com grande vontade de conhecer. Guimarães é uma cidade mágica, sem duvida e Vero Lua de Melo conseguiu captar essência para a sua obra. Gostei de Eurico. É uma personagem muito completa, daquelas que me fazem sonhar quando as apanho numa história. Um homem bem humorado e muito equilibrado. Uma personagem muito bem estruturada. Bonito, inteligente, culto. Um Deus :) Gostei do leve toque futurista que a autora imprimiu nas primeiras páginas do livro. Gostei também bastante da capa, é muito apelativa, as cores foram muito bem conjugadas.

O que não gostei tanto, ou não me impressionou enquanto obra? Não sou nenhuma profissional da escrita. Faço opiniões sobre o que leio e não criticas literárias porque não tenho formação nesta área. No entanto sou curiosa por natureza e tenho seguido alguns artigos sobre escrita e alguns blogs literários que vão dando informações e dicas para que nós leitores consigamos chamar os bois pelos nomes. 

A primeira conclusão a que cheguei quando terminei de ler este livro foi que fiquei sem perceber em que ponto a formula da vida eterna, que a autora tanto destaca nas primeiras palavras, tem a ver com a restante obra? Outro ponto é que fiquei sem perceber em que género literário ele se encontra. Não sou uma expert na matéria mas normalmente consigo perceber se o livro é um romance, uma distopia, romance paranormal, erótico, biografia... etc etc etc, pelas pistas que o mesmo nos vai dando. Aqui fiquei verdadeiramente confusa porque apesar de achar que ia ler um romance deparei-me com um 'relato', uma exposição de factos, aventuras e acontecimentos que marcaram as personagens principais durante quinze dias numa viagem aos Estados Unidos, mas que ainda assim não foi  um romance, ou uma aventura, ou (nem sei como catalogar ou classificar). 

Não sei se é defeito ou feitio, mas todos os livros que tenho lido da Chiado parecem ser escritos todos através de uma técnica de escrita conhecida por tell. Não que se recomende que o autor faça apenas numa outra vertente (show), mas para que seja equilibrado, o mesmo tem de saber conjugar o que escrever entre o tell e o show (contar e mostrar). Principalmente se a obra tem uma componente sentimental ou emocional muito abundante ou forte, recomenda-se que opte pelo show para que o leitor sinta na própria pele as emoções que o autor transpôs para as palavras. 

Outro aspecto que também identifiquei ao longo da leitura foi o despejo de informação que também tem um nome técnico: infodump. Algumas coisas, alguns temas abordados, foram efectivamente interessantes, no entanto, na sua maioria foram demasiados os temas, demasiadas as curiosidades. Lamento dizê-lo, mas por segundos pensei que estava a ler um artigo da Wikipédia. 

A escrita da autora, apesar de impecável a nível ortográfico, é demasiado descritiva e floreada, monótona. O que juntamente com os aspectos referidos acima, cansa o leitor. Obviamente que não cansará todos os leitores porque há pessoas que gostam e se identificam com este tipo de escrita/leitura. 

Outra coisa que não me caiu nada bem foi ver expressões em diálogo como  ''ehehehehe' e 'hihihihi'... Nunca tinha visto isto num livro e não gostei. Achei estranho. E também o facto de a autora usar demasiadas aspas nas expressões. Não me considero um génio, mas conseguia entender as situações apresentadas mesmo que elas não estivessem assinaladas pelas aspas. É que o uso desenfreado de pontuação também acaba por 'sujar' o texto. 

Quanto ao desfecho final do livro e última parte em si continuo sem perceber o que aconteceu e que final foi aquele.

Tenho visto opiniões e criticas literárias a obras de autores estrangeiros bastante conceituados onde opinadores e críticos sugerem ou outras vezes fazem referência sobre o trabalho de campo que antecede a edição de uma obra e respectiva publicação. E é aqui, em jeito de desfecho, que deixo a minha dica aos jovens autores e escritores. 

Os que pensam publicar: peçam opiniões, façam perguntas, informem-se. Mas não o façam ao melhor amigo, nem à tia ou à avó, porque esses dificilmente vos vão dizer o que está mal, onde falharam e o que precisam urgentemente de mudar. Tentem alguém fora do vosso circulo de amigos e conhecidos e vão ver que as opiniões serão mais verdadeiras. Existem os chamados leitores beta que podem ser óptimas ferramentas na evolução dos vossos escritos. 

Os que já publicaram: A família gostou? Maravilhoso. Os amigos compraram todos e acham um máximo? Bestial! Mas não chega. Enviem a vossa obra para os blogs literários, existem milhares na blogosfera para todos os gostos e feitios. Não querem dar exemplares físicos, tudo bem. Mandem o ebook, tenho visto imensos/as bloggrs a aceitar este tipo de desafio e pelo menos de uma coisa têm certeza: vão receber opiniões imparciais à vossa obra que vos pode ajudar a evoluir na carreira e a perceber efectivamente onde falharam ou onde não falharam de todo.

Boas leituras, 




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